sábado, julho 31, 2004

Como andar de bicicleta

Bar. Troca de olhares. Dúvida. Certeza. Palavras. Lábios. Bocas. Línguas. Troca de telefones. Satisfação.

Ele liga no dia seguinte. Não atendo. Espero que não tenha enjoado deste também, só pra variar. Liga de volta. Enquanto o telefone toca tenho certeza, enjoei mesmo. Merda. Atendo. Faço voz diferente. Digo que é engano. Desligo.

Tão simples, não? E eu que pensei que tinha esquecido como essas coisas funcionam... Mas aí é que está o cerne da questão: uma vez que você aprende, nunca esquece... Mas, será que eu aprendi certo?

quarta-feira, julho 28, 2004

Olimpíada de Choro

Com a aproximação das Olimpíadas sou lembrada de mais uma de minhas idiossincrasias, essa desconhecida para o mundo: quando se trata de esportes, me torno um bebê chorão.

O origem disto não sei e é alheio a minha vontade, mas fato é que me debulho chorando quando atletas - nem precisam ser brasileiros -estão recebendo medalhas, ou quando algum hino nacional toca. Passo horas na frente da TV chorando e já passei a mesma quantidade de horas tentando descobrir o porquê, mas sem nunca ter sucesso.

Então, enquanto não descubro o motivo, sigo chorando. Ás vezes faz bem.

quarta-feira, julho 21, 2004

DOR-DE-COTOVELO ou "THIS LOVE HAS TAKEN ITS TOLL ON ME"

[take its/their/a toll
If something takes its/their/a toll, it causes suffering, deaths or damage]

Já não ama mais. Ama. Já não espera mais. Vai atrás. Já não respira mais. Morre. Já não sente mais. Dorme. Já não quer mais. Deseja. Já não suspira mais. Chora. Já não vive mais. Sonha. Já não pensa mais. Age. Já não entorpece mais. Molesta. Já não se importa mais. Acontece. Já não perturba mais. Acalma. Já se foi mas não sabe. Amor mal-resolvido.

segunda-feira, julho 19, 2004

Wishlist

Conheci alguém novo hoje, que me fez sorrir, que me fez querer.

A TPM, que antes se alastrava por meus sentimentos feito câncer, foi embora.

Tornou-se concreto o plano de uma viagem a tanto aguardada. Agora, a espera se resume ao dia do embarque.

A balança me disse que emagreci alguns quilos. E alguém comentou que meus cabelos estão lindos.

Não mais tenho obsessões, nem encostos a se espreitar por sobre meus ombros.

Já não sou problemática, meus versos já não são mais tristes, já sei o porquê.

A música "I wanna be sedated" ("Twenty-twenty-twenty four hours to go I wanna be sedated Nothin' to do and no where to go-o-oh I wanna be sedated") não mais se aplica. Foi substituída por "No Feelings" ("I got no emotions for anybody else You better understand I'm in love with myself, myself My beautiful self").

E aí, é pedir demais?


quarta-feira, julho 14, 2004

Frases musicais sobre o amor apaixonado - Volume "Dor-de-cotovelo"

"All of the king's horses and all of the king's men couldn't pull my heart back together again. All of the physicians and mathematicians too, failed to stop my heart from breaking in two. 'Cos all I need is you, I just need you..." (The Humpty Dumpty Love Song – Travis)
"Todos os cavalos do rei e todos os seus homens não conseguiram juntar meu coração novamente. Todos os físicos e todos os matemáticos falharam em impedir que meu coração se quebrasse em dois. Por que tudo que eu preciso é você, eu só preciso de você."

"Are you thinking of me when you fuck her?" (You Oughta Know – Alanis Morissette)
"Você pensa em mim quando transa com ela?"

"You speak of my love like you have experienced love like mine before." (Uninvited – Alanis Morissette)
Você fala do meu amor como se tivesse vivido amor como o meu.

"Sucker love I always find, someone to bruise and leave behind." (Every you Every me – Placebo)
"Amor cretino eu sempre encontro, alguém para machucar e deixar para trás."

"Girls will always cry, guys will never admit they did." (Don’t tell me it’s over – Blink 182)
"Meninas sempre choram, meninos nunca irão admitir que o fizeram."

"I don't know what to do with myself. Movies only make me sad, parties make me feel as bad, 'cause I'm not with you." (I just don't Know what to Do with Myself - The White Stripes)
"Eu não sei o que fazer comigo. Filmes só me fazem triste, festas me fazer sentir tal qual, por que eu não estou com você."

"Why can't we be ourselves like we were yesterday?" (Bizarre Love Triangle – New Order)
"Por que não podemos ser como éramos ontem?"

segunda-feira, julho 12, 2004

Amor dos outros

Ama aquele amor de novela, aquele amor sobre o qual se fazem músicas. Ama tanto que já não mais escuta nem aconselha. Ama tanto que bebe, vomita, briga, não se importa. Ama tanto que agora é irracional. Já não respira sem sentir dor. Já não sorri, já não esquece. Tantas perguntas sem respostas! Ama tanto que já não cabe mais em seu próprio peito e acaba por inspirar corações vazios, assim como o meu, a escrever posts na madrugada.

E quanto a mim, continuo aqui esperando a minha vez de vomitar, brigar, não se importar. Ainda aguardo o meu amor de novela que não caberá no meu próprio peito. A mim, só resta emprestar um pouco da dor-de-cotovelo e do amor dos outros...

sábado, julho 10, 2004

Passado

Por que o passado insiste em ser presente? Por que exerce tamanha força para ficar? Por que nos sentimos tão ligados aos dias que passaram? Por que estes fazem questão de nos lembrar? Por que o passado nos parece tão perfeito? Por que o presente é tão frio e o passado tão quente? Por que estou aqui pensando no passado quando deveria estar em outro lugar fazendo o futuro?

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Devo dizer que odiei profundamente o texto que acabei de escrever, mas como nada de melhor vai sair daqui, resolvi publicar mesmo assim. O problema é que para eu poder escrever aqui devo estar passando por uma crise de dor-de-cotovelo ou de TPM. Como estas não vem todo dia (ainda bem) eu acabei comprando um bloquinho, destes de anotação, e quando a crise vem e eu me sinto tão prolífica, eu escrevo diversas frases e títulos nele e estes acabam virando posts. Como a minha última crise braba de dor-de-cotovelo se deu no início do mês passado, quando um certo encosto me visitou em sonho (uma coisa boa de ter um blog é que você acaba sabendo o dia exato destas coisas, aboli, inclusive, aquela tabelinha em que marcava o dia em que estava mestruada), a fonte secou e ainda estou no aguardo de nova recaída... Enquanto ela não vem, cuidado com as orelhas! (tá, bem poucas pessoas vão entender o que eu quero dizer com isso, é a famosa "piada interna"...)

quarta-feira, julho 07, 2004

Dias (insanos) de TPM - diga-se, "P" do francês "pendant"

Estou manhosa sim, carente, sou frágil, e daí? Gosto de sentir-me assim, às vezes. Gosto de sentir a fina linha que me separa do universo, de todos, do nada. Vontade de chorar. Chorar, não, gritar. Gritar não, espernear. Mas não há forças. Ah, sim, gritei. Ninguém ouviu. É que gritei aqui dentro, baixinho. Mas gritar baixinho não é grito. É sussurro. Então sussurei. Mas eu queria mesmo é gritar. Gritar não, chorar. Chorei. Mas chorei em meu pesadelo, dormindo. Chorar dormindo, sem lágrimas de verdade, não é chorar. Então sonhei. Quero amar. Amar, não, me apaixonar. Sentir aquele friozinho na barriga, aquele nervoso, aquela inquietação deliciosa. Mas meu coração está partido. Partido não, despedaçado. Despedaçado assim, com os pedacinhos emendados. Mas o que está emendado não está partido. Então não estou apaixonada. Mas e esse friozinho que estou sentindo? Ah, passou. E, se passou, não deve ser nada. De novo. Mais uma vez. Arrepios. Calafrios. Mas que diabos...? Ah, só podia ser! A janela. Escancarada.

segunda-feira, julho 05, 2004

Encerramento

Encerrei o semestre sem lágrimas nos olhos de saudade. Se alguma brotou, foi de alívio, porque para trás ficaram todos aqueles dias desinteressantes, todos aqueles sentimentos conflitantes, toda aquela decepção, todo aquele dramalhão mexicano.

Com uma sacola desci até a garagem no intuito de retirar tudo o que havia se acumulado dentro do meu carro durante o semestre. Muitos livros, roupas, CDs e lembranças depois, o porta-luvas, o porta-malas e o banco traseiro estão limpos, à espera de novos entulhos que hão de ocupar o lugar daquilo que no final joguei fora.

No encerramento do semestre, releguei ao passado o que se passou e fiz com que certas lembranças se esquecessem que para elas existiria futuro. Porém, inevitavelmente, estas perceberam, e assim ganharam passagem para o presente e a certeza de existência naquele mesmo futuro que quis que se fizesse perdido.

Mas, paciência. Pelo menos o primeiro semestre deste ano, tal qual aquelas novelas chatas, demorou, mas acabou...

sábado, julho 03, 2004

Ontem

Ontem foi um daqueles dias estranhos, tão típicos de Curitiba, daqueles em que não faz frio, nem calor e é possível ver pessoas usando cachecol e luva ao lado de outras de regata. Ontem foi um daqueles dias estranhos, daqueles em que ninguém parece estar certo sobre o que sentir.

Uma vez alguém me disse que tinha grandes idéias enquanto tomava banho. Eu, não. Eu tenho grandes idéias enquanto dirijo. Sempre que preciso pensar, pego o meu carro e dirijo de noite em alguma estrada.

Ontem, na volta para casa, percebi que precisava dirigir e assim o fiz. Era tarde da noite e pude experimentar aquela sensação que o acaso proporciona, naquele que não chega a ser um minuto, em que não há mais ninguém na estrada, nem nenhuma casa à vista e você fica ali, sozinha, na completa escuridão e lembrei que durante a maior parte deste semestre, tudo pareceu dar errado em tudo.

Mas ontem, um daqueles dias em que ninguém parece saber o que sentir, eu soube exatamente o que eu sentia: senti que eu sou, sim, feliz e que eu não deixaria que nada me fizesse pensar o contrário.