segunda-feira, agosto 30, 2004

Insônia

Sim, são 03:29 hrs da manhã.
Sim, eu tenho que acordar às 07:30 amanhã.
Sim, amanhã começa o meu novo estágio e eu não poderei dormir de tarde.
Sim, eu deveria sair do computador e ir pra cama.
Mas não, aqui estou eu escrevendo no Cebola Roxa.
Em uma dessas noites de insônia, eu, entediada, passei a jogar aquele jogo do Windows, Copas.
Em uma dessas noites de insônia, eu, entediada e levemente irritada com os nomes estúpidos que o computador colocara como meus adversários, após ganhar diversas partidas, resolvi mudar tais nomes e os troquei pelos os nomes de alguns ex´s.
Então, em uma dessas noites de insônia, eu, fracassada, perdi pra todos os do meu passado e finalmente fui dormir.
Placar final (ganha quem tem menos pontos):
_Me_ 101
A 45
B 17
C 20

Derrota avassaladora... Carma?

sábado, agosto 28, 2004

Eu tenho encosto

Há algum tempo tenho sido alvo de chacota de alguns amigos quando falo que sou perseguida por um encosto de um tipo muito peculiar, qual seja, o eletrônico (ou tecnológico).

Computadores, celulares, DVD Players, MSN tudo pára de funcionar perto de mim. E hoje, é claro, não poderia ser diferente... Escrevi um post, já tinha corrigido os erros de português, de concordância (e eu não vou fazer isso neste, então, se tiver algum erro, azar!), formatado tudo certinho, quando não mais que de repente, meu querido encosto ataca e *puf*! O post some inteirinho! E o pior: eu não consigo lembrar as duas primeiras frase do post, por mais que eu tenha tentado!

Agora vocês acreditam em mim?

E XÔ ENCOSTO! Bem, deixa eu postar logo antes que ele apareça de novo...

terça-feira, agosto 24, 2004

Números

3 amigas, 1 dj, 2 amigos e 1 festa.
1 previsível, 1 provável e 1 inesperado.
O provável e o inesperado, beijo; o previsível, espera.
1 semana depois, 3 namoros.
4, 5 e 9 meses depois: 1 acabado, 1 mal resolvido e 1 união estável.

PS: Feliz Aniversário Thais e Maritchas!!!

sexta-feira, agosto 20, 2004

TARZAN E JANE ou QUANDO O AMOR ACABA (Luiz Fernando Veríssimo)

Foi um dos grandes momentos do cinema. Não me lembro quem era Tarzan na época. Não importa. O que importa é a frase.

- Eu Tarzan, você Jane.

Certas frases famosas do cinema na verdade nunca foram ditas. A frase que todo mundo lembra de Casablanca, por exemplo, "Play it again, Sam". Não tem no filme. Os puristas dirão que Tarzan jamais disse "Me Tarzan, you Jane". Apenas apontou para o próprio peito e disse "Tarzan", depois apontou para Jane e disse "Jane". São os mesmos puristas insensíveis que insistem em destacar a importância de Chita, a macaca, nas aventuras de Tarzan, pois - dizem - se não fosse a Chita para desamarrar os pulsos de Tarzan sempre que ele se deixava capturar, não existiria o mito de sua invencibilidade. Alguns revisionistas chegam a dizer que Chita, e não Tarzan, é a figura principal do mito e que Tarzan entrava como alivio cômico. Só merecem o nosso desprezo.

Não foi fácil para Tarzan aprender a frase.
- Eu Jane, você Tarzan.
- Não, Tarzan. Eu Jane, você Tarzan.
- Foi o que Tarzan disse.
- Eu Jane, você não.
- Eu Jane, você não.
- Não. Diga "Eu Tarzan".
- Eu Tarzan, você não.
- Eu Tarzan, você Jane.
- Eu confuso.
- É fácil. Pare de comer piolho e escute. Diga "Eu Tarzan, você Jane".
- Eu Tarzan, você Jane.
- Isso!

De uma só vez, Tarzan descobria a linguagem humana, o uso do pronome e o amor. A cultura chegava à jângal. A civilização conquistava a barbárie. A mulher, simbolizando os valores comunitários, domava o primitivo.
- Eu Tarzan, você Jane.
- Perfeito. Agora diga, "Eu Tarzan, você boa".
- Eu Tarzan, você boa.
- Eu Tarzan, você ótima.
- Eu Tarzan, você ótima.
- Eu Tarzan, você formidável!
- Eu Tarzan, você formidável!
- Eu nada, você tudo.
- Eu nada, você tudo.
- Muito bem. Agora vai caçar um leão e não incomoda.
- Eu Tarzan, você…
- Chega!

O melhor Tarzan de todos os tempos foi Johnny Weismuller, talvez porque tenha sido o Tarzan da minha infância. Mas o fato de ser campeão de natação determinou algumas distorções na personagem. Em todos os filmes de Tarzan com Weismuller havia longas cenas de natação. Tarzan nadava com um crawl perfeito, o que era estranho. Certamente não aprendera aquilo com os macacos. E sempre que Tarzan entrava na água, um jacaré entrava também. Era Tarzan mergulhar e o cinema inteiro murmurava, apreensivo: "Lá vem o jacaré…". Mas Tarzan derrotava o jacaré. Sem a ajuda da Chita, diga-se de passagem.

- Eu Tarzan, você Jane…

A vida era boa para Tarzan e sua companheira. Não precisavam de muita conversa. Amavam-se. Mas o tempo passou e o tempo é o segundo maior inimigo do amor, depois da pele oleosa. Um dia, distraído, Tarzan disse:
- Eu Tarzan, você Araci.
- Araci?
- Epa.
- Você tem outra seu cretino!

Brigaram. Jane continuou morando na casa da árvore mas Tarzan foi dormir na forquilha. Depois de um mês longe dos braços de Jane, Tarzan sugeriu para Chita.
- Eu Tarzan, você Jane?
- Chita fugiu, prudentemente. Todos os animais da floresta fugiam de Tarzan enquanto Jane não o aceitasse de volta. Finalmente, veio a reconciliação. Tarzan se penitenciou.
- Eu monstro, você compreensiva?
- Diga "Eu verme, você maravilhosa".
- Eu verme, você maravilhosa.
- Eu ser desprezível, você superior.
- Eu ser desprezível, você superior.
- Entre.
Contam os nativos que a grande casa da árvore tremeu naquela noite.

Mas o tempo passa e tudo muda. Um dia, Tarzan disse:
- Eu velho, você velha…
- Você velho, eu inteira.
- Eu Tarzan, você Jane?
- Hoje não, bem. Estou com dor de cabeça.

Tarzan passou a beber. Os nativos contam histórias. Contam que Tarzan deu para freqüentar os bares da costa. Entra com a Tanga Caída, bate no balcão e pede bebida. Depois de três ou quatro copos, vira-se para os outros freqüentadores e grita:

- Eu Tarzan, vocês todos Janes!

É expulso do local. Só anda pela floresta amarrado a um cipó e com um negrão empurrando. Volta para a árvore tarde da noite e Jane tem que ajudá-lo a subir. Ele nem enxerga direito.

- Eu Tarzan, você quem é?

Triste, triste.

domingo, agosto 15, 2004

Anemias

Estou anêmica. Não só fisicamente, como também emocionalmente. Assim como não tenho vontade de sair da cama, não tenho vontade de lutar contra aquilo que é subjetivo, contra aquilo que eu sei que não deveria querer, mas quero. Ao mesmo tempo, não tenho forças pra lutar contra o meu medo de rejeição, que se prova mais forte do que nunca.

Portanto, eu, dita decidida e corajosa, preferi ficar presa a uma pergunta por medo da resposta...

"I just want to turn you down
I just want to turn you around
Oh, you ain't never had nothin' I wanted, but...
I want it allI just can't figure out...
Nothing"
(Barely legal - The Strokes)

"Eu só quero recusar você,
Eu só quero fazer você voltar-se
Oh, você nunca teve nada que eu quisesse, mas...
Eu quero tudo só não consigo entender...
Nada" *

* Odeio traduzir letras, mas assim todo mundo entende...

quarta-feira, agosto 11, 2004

(soluço) ah, agora entendi

Alguém acabou um relacionamento há um tempo atrás e em uma dessas conversas de bar me disse que descobriu uma coisa ou outra sobre relacionamentos.

Descobriu que certos relacionamentos não servem para roteiro de filme, não rendem romance de novela, não sustentam um livro.

Descobriu que certos "amores", não são amores, mas sim dores-de-cotovelo. E que certas dores-de-cotovelo não passam de nostalgia.

quarta-feira, agosto 04, 2004

VISTA CANSADA

Você vê bem? Quando vê o mar, vê seus peixes, plantas e seres desconhecidos, ou apenas a superfície dele? Quantas pessoas você conhece como o mar?

Um dia qualquer em qualquer lugar. Olhavam-se. Conversavam com seus amigos. Aproximaram-se. Trocaram meia dúzia de palavras. A atração física impressiona. Tentaram falar mais um bocado. Beijaram-se. Estavam felizes.

Um tempo qualquer depois. Estavam juntos. Mal se olhavam. Mal se falavam. Mal se tocavam. Mal se beijavam. Apenas permaneciam. Inertes. Cada olhar para um lugar. Viam-se todos os dias, mas não se conheciam. Continuavam tão estranhos quanto naquele dia qualquer em qualquer lugar.

Após um tempo qualquer depois. Não viram com olhos de quem realmente vê. Não observaram. Não experimentaram. Não vasculharam. Não desvendaram. Não mais permanecem juntos. Não sabem nada um do outro. A falta, por vezes, ataca. Mas a falta é de um espectro, criado pela ilusão de ter visto. Vista cansada. Nunca chegaram nem perto de conhecer felicidade alguma. São apenas e tão-somente completos estranhos. Eram inteiramente iguais a cem outras pessoas. Nada compreenderam do que um dia qualquer alguém lhes disse. É... on ne connaît que les choses que l'on apprivoise*.


* frase da raposa no livro Le Petit Prince; traduz-se: "A gente só conhece bem as coisas que cativou".