domingo, setembro 26, 2004

(These two sides of my brain need to have a meeting)* A esperança é a última que morre, mas um dia morre...

Não quero mais. Quero sim. Não aguento mais. Só mais uma semana. Não espero. Espero. Desisto. Insisto. Isto acaba hoje. Espero só mais uma semana. Odeio que te amo. Amo que te odeio. Sigo em frente. Olho para trás. Quero outro. Não, quero você. Não quero não! Quero sim! Cala-te! Não calo não! (sons de socos e pontapés). É, a esperança é a última que morre, mas um dia morre. E ela morreu hoje. Morreram também os prazos perdidos e prorrogáveis indeterminadamente. A espera. A negação. A cegueira. Agora vejo tudo muito claro. E chega! E é por isso que a substituição do título se fez imperiosa...

* Trecho da música "Fell in love with a girl" do White Stripes. Significa "Estes dois lados do meu cérebro precisam ter uma reunião".

terça-feira, setembro 21, 2004

Recado ao novo amor

Chega devagar, desinteressado. O tempo parece parar, mas passa rapidamente. Primeiro olha, depois se aproxima. Aos poucos. Olha intimamente, fica mais perto. Fala. Suavemente. Sente as batidas do coração lhe saltarem pelo peito. Fica mais perto, sente o cheiro. O coração acelera-se. O calor da pele já é palpável, os lábios se tocam. Paixão.
Ao novo amor, se desejar este coração, que o faça cuidadosamente. Embora delicado, sente tudo de maneira intensa. Deve tomá-lo com carinho, conquistá-lo aos pouquinhos. Meu coração é frágil, precisa de tempo para amar. É livre, mas profundo. Apega-se, mas deixa solto. Delira, mas é assente. Anda a esmo, mas é fiel. Fala pouco, mas diz tudo. Espera, mas não vê a hora. Morre de amor, mas continua vivendo.

sábado, setembro 18, 2004

Quem disse que se apaixonar é bom, estava mentindo...

Te amei 6 vezes, durante 6 meses, por 6 semanas. Te amo uma vez por mês. Meu corpo pede pelo teu e minhas mãos sentem falta das tuas. Quero o teu beijo, teu riso, tua barba por fazer. Depois já acho que não te quero mais. Até que ponto isto é verdadeiro, não sei precisar. Fato é que quero querer outro, mas não quero. E como eu tentei não te querer! Quem disse que se apaixonar é bom, estava mentindo...

"Você não me ensinou a te esquecer, você só me ensinou a te querer e te querendo eu vou vivendo"...

quarta-feira, setembro 15, 2004

Crises existenciais

Os anjos desciam do céu, gargalhando.
Pobres mortais, com seus sofrimentos mundanos!
Colocaram-se a observar uma mulher que chorava. Seus pensamentos lhes eram acessíveis em alto e bom tom.
{Não consigo entender o porquê. Dei-lhe tudo: minha alegria, meu ser, meus sonhos, meu desejo. Parecia-me tão feliz. Tudo estava tão perfeito!}
Riam-se os anjos.
Os humanos não conseguem viver sequer um minuto sem conflitos!
Não é de se surpreender...
Pudera, com tamanha imperfeição!
Foram embora, subindo por entre as nuvens. A mulher continuava ali, transtornada.
{Por que, meu Deus? Fiz tudo certo... Tudo estava tão perfeito! Dei-lhe tudo: minha vida, meus carinh...}
Repentinamente foi interrompida.
Corta!
Pode repetir novamente?! E desta vez, tente colocar mais alegria nestas lágrimas... Deus do céu, você acabou de reencontrar o amor da sua vida, que estava perdido!!! Vamos lá... luzes...
Pôs-se ela no palco, novamente, mas o pensamento lhe era inevitável:
{Droga! Por que diabos dor-de-cotovelo não é justificativa legal para faltar ao trabalho??}

sexta-feira, setembro 10, 2004

Fairy Tale?

Nunca sonhei com príncipes encantados, nem em casar virgem na igreja, de véu e grinalda. Não fantasiava com encontros cinematográficos, desses cheios de coincidências e encontros e desencontros. As minhas paixonites e ilusões amorosas se resumiram a acreditar aos 4 anos que casaria com o David Bowie depois de assistir o filme Labirinto.
À medida em que fui crescendo, observei minhas amigas, uma após a outra, esperarem pelo princípe encantado. Não, eu não. Sempre revestida de minha racionalidade, que duraria até pouco tempo atrás, tinha uma única certeza. Na minha vã inocência acreditava que jamais sofreria de dor-de-cotovelo.
Engraçado, não? Até hoje não sei de onde tirei isso, mas na minha cabeça isso era certo. Certa também era a idéia de que eu sempre falaria o que penso, corajosamente... A vida tem essa mania às vezes, tem sempre que provar que estamos errados...

sábado, setembro 04, 2004

A espinha do diabo

Muita gente tem que perguntado o que seria meu encosto. Acho que a resposta que mais se assemelha com o que eu penso sobre isso, encontra-se no filme "El Espinazo del Diablo", de Guillermo Del Toro. Logo no começo, um dos personagens recita o seguinte:

"O que é um fantasma? Uma tragédia condenada a se repetir diversas vezes? Um instante de dor, talvez. Algo morto que ainda parece estar vivo. Uma emoção suspensa no tempo. Como uma fotografia borrada. Como um inseto preso em âmbar. O que é um fantasma? Um fantasma sou eu".

Pra mim, definição perfeita.

quinta-feira, setembro 02, 2004

R.I.P.

Não lidava bem com ritos de passagem. Chorava copiosamente. Não que gostasse de coisas estáticas, apreciava transformações e até as buscava, porém, quando estas chegavam, sentia tamanha combinação de sentimentos, que, irresignada, observava tais sentimentos lhe saírem pelos olhos.

Certa vez, após receber uma flor de um novo amor, sentiu-se eufórica. Estava ainda ligada a um antigo amor, é verdade, mas deliciou-se com a felicidade proporcionada pela novidade. Para seu pavor, a esta fase sucedeu-se o choro. Chorou feito criança. E irritou-se por não saber o porquê daquelas lágrimas. Mentiu. Fingiu na hora rir. Tentou explicar. Não conseguiu. Desesperou-se. Mas esperou. E finalmente entendeu.
Percebeu que a flor marcara o fim de um processo que se iniciara racionalmente meses antes, e este era o motivo do choro, não o amor enferrujado, como temia. Lembrou-se que fora criticada por tomar decisões racionais, esperando que isso fosse resolver. Sorriu ao lembrar de sua inocência teimosa à época ao acreditar que funcionaria. Mas aprendeu a lição, e por fim sentiu-se pronta. E foi.