terça-feira, junho 12, 2007

Soneto da paz amorosa

Estar sereno
É brincar na chuva
É esperar pelo beijo
De nega maluca com trufa

É permanecer calado
Mas sentir-se completo
É estar separado
E querer ficar perto

É desejar na chuva molhado
E quando beija o céu encantado
Arrepiar-se por inteiro.

É estar alegre enquanto triste
É estar certo de que existe
Esse tal de amor verdadeiro.

segunda-feira, junho 11, 2007

Recado ao vazio contemporâneo

Você não é nada. Você não é ninguém. Você não passa de um vazio perdido na chuva, sem sequer sentir o gosto das gotas que escorrem pelo seu rosto desconhecido. Você vive uma vida de mentiras, agarra-se em ilusões fúteis e acha que está enganando aos outros. Mas você só engana a si mesmo. Um dia a vida lhe ensina que não se deve viver ao redor do umbigo. Que a vida é mais do que aquilo que se passa em sua cabeça pequena, em seu ego inflado, em seu narcisismo refratário. Você acha que nada lhe atinge. Isola-se em sua covardia individualista, imaginando estar imune a tudo e a todos. Mas você não está. E vai chegar a um ponto em sua vida que verá que tudo o que viveu foi uma grande mentira. Ou então que você deu valor às coisas e pessoas erradas. E será tarde demais.
Ao vazio contemporâneo, se deseja encher-se de vida, que o faça imediatamente. Acorde. Não fuja da magia. Não transforme em tragédia o beijo doce, apaixonado e inocente. Permita-se sentir sem entrar em pânico. Acalme seu coração e viva tudo o que há pra viver. Sinta o que há pra sentir, sem medos. Permita que os outros vejam o que há dentro de você. Seja alguém. Alguém de verdade. Alguém que vive a vida, e não simplesmente a vê passar. Alguém que sonha, mas está acordado. Alguém que ama sem pretensões. Alguém que sente o sempre, e espera o nunca. Alguém cujo tempo é quando.

segunda-feira, junho 04, 2007

Bons sonhos

Hoje odeio que te amo; amanhã não sei. Hoje pensei que me queria; amanhã talvez. Hoje pedi que me procure; amanhã quem sabe nem te olhe. Hoje queria porque queria; amanhã minha vontade é história. Hoje sentia saudade; amanhã não te quero mais. Hoje fui santa e pura; amanhã serei cruel e voraz. Hoje fingi que esqueci; amanhã vou fingir que lembrei. Hoje te olhava de longe; amanhã nem perto estarei. Hoje me esqueça, amanhã me beija, e, depois, acorde.