quarta-feira, agosto 22, 2007

O Telefone

Você está lendo aquele texto chato, mas necessário. Necessário para passar os minutos menos apreensiva. Ou mais. Levanta de cinco em cinco minutos como se tivesse algum tique nervoso. Daqueles que contaminam tudo e todos. Verifica toda a fiação existente na casa, não importa se ela está conectada ao que lhe interessa. Lê mais alguns parágrafos e as palavras insistentemente se recombinam em sua mente. Tudo o que você lê parece possuir um "tê", três "ês", um "éle", um "éfe", um "ó" e um "ene". Você até escuta "trim-trim" vindo das páginas à sua frente. A cada conjunto de palavras, você percebe repetições que revelam números insidiosos. Números que apontam um destino inevitável: o teclado do telefone. Você resiste. Afinal, você não o vê somente há algumas horas. Se você ligar agora, ele vai acabar pensando que você é uma espécie de maníaca. Você se concentra e tenta se controlar. Trinta dolorosos minutos se passam. Agora as palavras parecem estar carregadas de ironia. Todas têm "érres": a primeira letra do nome dele. Imagine, então, se a "Leidi Murphy" estivesse sentada ao seu lado. O telefone toca. Você dá um grito. Susto, claro. Você não esperava por isso. Sorri e atende, com a voz mais meiga do mundo. Totalmente cheia de amor para dar. Do outro lado da linha, o Caco, seu vizinho de sete anos, perguntando se seu irmão mais novo pode sair para brincar de rolimã na rua...

quinta-feira, agosto 09, 2007

Daqui a pouco OU In a little while

Sim, você está no Cebola Roxa. Não, você não veio parar em um clone barato. Este se trata do verdadeiro, do legítimo blog das almas atormentadas por problemas de relacionamento, TPM e afins. Calma, não vamos encerrar o blog! Ao menos não por enquanto. Durante algum tempo, ainda, vocês lerão com prazer, ou desprazer, as nossas palavras cósmicas e despretensiosas. Nossas palavras de alento e desespero. Nossas palavras de emoção e esperança. Acima de tudo, nossas palavras carregadas de dor-de-cotovelo, TPM e afins... Daremos um breve intervalo para atualizarmos nosso lay-out (nada de grandes modificações), e já já retornaremos. Aguardem.

quarta-feira, agosto 01, 2007

"LESS BRAWN AND MORE BRAINS... IS IT POSSIBLE?" ou "PROCURA-SE RHETT BUTLER DESESPERADAMENTE"

Estou cansada de homens domináveis, sem personalidade, sem opinião, superficiais, sem questionamentos filosóficos, sem sonhos ou ideais. Quero conteúdo, quero gentileza, quero amor à moda antiga, galanteios, romance, quero um cavalheiro, um companheiro, um amante, um alguém interessante, diferente, inebriante, quero uma pessoa com quem possa dividir meu tudo e meu nada. Mais importante ainda, que ele não seja perfeito. Nem queira ser. Perfeição, além de totalmente inexistente, platônico, é irritante, e torna-se rapidamente detestável. Nada mais abjeto que um ser que se julga, ou que seja, de algum modo, próximo à perfeição. Ninguém é perfeito. E é aí que está a beleza. Ame a imperfeição, porque é dela que se sente falta, porque, no fundo, é ela que nos faz apaixonar, que nos fascina sem que tenhamos consciência disso. É a imperfeição o segredo pelo qual desejamos desvendar alguém, e no qual tentamos enquadrar a perfeição. O que é imperfeito é intrinsecamente sedutor. Intensamente adorável. Perfeitamente apaixonante.