segunda-feira, setembro 29, 2008

Sobre como voar

Estava sentada no banco da praça, sob o céu estrelado, olhando para o nada. Não estava ali. Viajava por lugares desconhecidos, por mistérios a desvendar, por sonhos a serem realizados. Notava que sua vida parecia vir de um roteiro de filme inacabado. Cada segundo parecia ter um impacto relevante para determinar o caminho a ser seguido. Pensava em surpresas, em cenas infinitas, em desejos implícitos, em diálogos estimulantes. Sentia-se como a película marcada pela luz, que revela paisagens indescritíveis, que provoca sensações impensáveis, que imprime na efêmera existência humana as mais doces memórias. O silêncio se quebrou. Logo ali, um punhado de pássaros barulhentos, disputando o último farelo de pão. O vôo insólito havia terminado. De pronto, soube. Voar é um estado de espírito. Envolveu-se de uma serenidade admirável. Sorriu. A segunda estrela à direita insistia em brilhar mais forte. Naquela noite, decidiu perseguir o brilho incessante até o amanhecer.

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