sábado, outubro 16, 2010

Eu, eu mesmo e a fragilidade dos laços amorosos

Estávamos lá, conversando na boa. Eu, você, nosso casamento recente, cervejinha, música ao vivo, tudo perfeito para uma noite incrível. Mas você tinha que estragar tudo. Você tinha que tentar me convencer de que uma viagem aos Estados Unidos, em sua companhia, seria boa. Você insistia em dizer que era bobagem querer visitar apenas alguns países da América Latina. Que era absurdo nunca pretender dar as caras na parte norte-americana do Novo Mundo. Que isso era uma visão limitada. Que tínhamos que visitar "a América", em toda sua plenitude. Quanta bobagem! Afinal de contas, quem é você na ordem do dia para me dizer qual viagem devo querer fazer? Veja bem, se você quer ir a lugares que não pretendo visitar, apenas vá e me deixe ir para onde desejo ir. Deixe-me com minhas convicções, que, diga-se, como bom companheiro e marido, você deveria prestigiar incondicionalmente. Isto é, não questionar. Em outras palavras, aceitar sem querer impor os seus valores na nossa relação. Se você não pensa igual a mim e nem pode aceitar o fato de que eu não quero compartilhar de seus gostos duvidosos, então você não serve para ficar ao meu lado. Se você não é meu espelho, não pode pretender que minha imagem reflita ao seu lado por toda a vida. Ora, essa irritante e frequente alteridade sua está me fazendo pensar em divórcio! Tá aí, essa é uma possibilidade...