segunda-feira, abril 25, 2011

Enfim, a Liberdade

Ainda que não esteja, está distante;
Ainda que não ligue, está ocupado;
Ainda que não diga nada, está mudo;
Ainda que não queira uma vez mais, está desinteressado;
Ainda que peça que permaneça, está carente;
Ainda que queira agora ou nunca, quem sabe hoje e sempre;
Mesmo assim e o tempo todo, você me libertou.
Meu coração está mergulhado nas águas límpidas e sedutoras da paixão, causando calafrios e devaneios constantes, lançando-me à irresistível sensação de que tudo é belo nesta vida, e me devolvendo a certeza de que tudo tem seu tempo, certo e improrrogável.

segunda-feira, abril 18, 2011

Borboletas no estômago

Fico nervosa em pensar. Quero prestar atenção à minha volta. Não dá. Continuo. Tento. A voz insistente invade aquilo que escrevo. Percebo a agradabilidade em esquecer um pouco. O nervosismo parece disfarçar-se. Um gesto, outro. Aquela palavra. Lembrei-me novamente. Por que a paixão faz isso, afinal? Só a tua presença acalma o tempo nervoso. Todo o instante em meio a isso é desalentador.

quarta-feira, abril 13, 2011

Encontre-me em você / Meet me in Montauk

Estou dentro de mim
que está dentro de você
que não vai a lugar algum
apesar de fugir constantemente.
Busquei um esconderijo seguro
e estava me iludindo bem o suficiente
até que você me achou.
Você sempre me acha.
Pensei que pudesse te enganar
e me enganar
e fingir que havia lhe apagado
para sempre da minha mente.
Mas ilusão ainda é sinônimo para engano.
Achei que era possível.
Acreditei.
Mas a verdade é que
no momento em que se dá conta do estrago
é tarde demais
e a chance escapa pelos dedos.
A felicidade era tão simples
e ambos insistiram em complicar.
A felicidade está em nossas mãos
e a descartamos
por puro desconhecimento da vida.
Ignorância.
E voltamos a machucar o coração
que parece buscar estar vazio
ou esvaziar-se.
Com promessas falsas.
Ilusões mundanas.
A fonte de todas as nossas dores.
Ou quem sabe ludibriar-me-ia
com a doce escusa do poeta
para tão odioso comportamento.
Escusa que parece servir como uma luva
para casos de cinismo desvairado:
"É tão curto o amor, e tão longo o esquecimento."*


* frase de Pablo Neruda

segunda-feira, abril 11, 2011

Soneto da insegurança

Será que pensa em mim, que me quer devagarinho
Será que pode, um dia, me amar só um pouquinho
Será que fica inquieto se eu não estou presente
Será que me pede, baixinho, quando vê está carente?

Será que pensa minha mente, sonha meus sonhos
Será que passa o dia a ver meu rosto nos outros
Será que fala minha voz, beija meu beijo
Será que morre por dentro de tanto desejo?

Será que sente minha presença ao menor respiro
Anda, procura, vê, suspira, padece
Sente tonturas, fica sem fome, enlouquece?

Será que sou louca por estar apaixonada
Tão louca, tão pura, tão livre, enfim
Ou será que você também me quer assim?

quarta-feira, abril 06, 2011

Minha ilusão de cada dia

Aparece tua recordação da noite em que estou, porque a noite me lembra de ti e as estrelas daquelas palavras não ditas.
Olham-me com teus olhos as estrelas maiores, porque as palavras foram substituídas por delicadas carícias.
Imagino se as perguntas insistiam na areia, porque o mar hoje me cobre de dúvidas.
Quero saber se para meu coração basta teu peito, porque tenho medo dos meus sentimentos.
Quero saber se para tua liberdade bastam minhas asas, porque hoje sou livre como o pássaro.
Quero saber se sou porque tu és, porque desde então tu és parte de mim.
Quero saber se ao fim alcançaremos a incomunicação, porque um dia disse Mia Wallace que o amor se encontra quando o silêncio se torna suportável.

domingo, abril 03, 2011

O amor é hoje / Am I standing still?

Não sei o porquê, mas eu queria por que te queria, tão intensamente como agora não te quero mais. Ou quero? Quero sim, não quero, quero, queria, quero um dia, amanhã, talvez. Não sei mais se quero você ou se quero manter a ilusão do passado. Isso tudo me confunde. Me deixa inquieta. Será que o querer é um desejo ou uma ilusão? Quero então, ou não quero? Acho que sim. Ou não.
Quero os dias que não voltam mais. Quero as sensações que um dia vivi. Quero os sonhos pretéritos mais-que-perfeitos. Quero os beijos molhados do rosto amado. Quero viver a vida no impossível regresso paradoxal...
Não, não é assim que as coisas acontecem. O passado não é para mim senão uma lembrança cheia de saudades. Sem lamentações, sem desejos de retorno, sem querer o que já foi meu um dia. Quero o agora. Quero respirar a vida enquanto sinto-a em mim, e à minha volta. Quero cercar-me de flores. Quero aproveitar o dia. Quero encher-me de sentimentos. Quero estar em harmonia. Quero as estrelas, a lua, o sol. Quero o amanhã, o ontem, o nunca e o sempre.
Te quero tanto, amor, que o tempo está em regresso.