segunda-feira, agosto 22, 2005

Reflexão do Nick - HIGH FIDELITY

É um grande absurdo. Pessoas preocupadas com as crianças que brincam com armas. Pessoas preocupadas com os adolescentes que assistem a vídeos violentos. Gente acreditando que algum tipo de cultura da violência vai ferrar com a sociabilidade das próximas gerações. Ninguém lamenta o fato de que se ouve toneladas de músicas falando sobre corações partidos, rejeição, dor, miséria e perda. Os mais infelizes, em termos de relacionamentos afetivos, são aqueles que ouvem música pop.

Uma doce lembrança: "Last night I dreamt that somebody loved me" - Strangeways, here we come - Smiths

"Last night I dreamt
that somebody loved me
no hope - but no harm
just another false alarm
Last night I felt
real arms around me
no hope - no harm
just another false alarm
so, tell me how long
before the last one?
and tell me how long
before the right one?
this story is old - I KNOW
but it goes on
this story is old - I KNOW
but it goes on"

P.S.: Ouço Smiths e não consigo concordar com o Nick, embora compreenda o seu argumento.

quinta-feira, agosto 18, 2005

Simples assim

Não queria ninguém do meu lado, não queria que nada fosse diferente, só queria chorar. Queria te perguntar e que você me respondesse que não quer. E então te daria meu choro contido e te mostraria o que me importa. Se ao menos pudesse me convencer de minha interpretação não mais que ilógica! Um dia não consegui chorar, hoje já não posso parar, pois a pior solidão é aquela sentida na presença do outro.

quinta-feira, agosto 11, 2005

Para além da controvérsia entre público e privado.

Outrora público, o órgão funciona maravilhosamente bem após um rápido e eficiente processo de privatização. É verdade que a sua orientação sempre foi coletivista, posto que de origem genuinamente socialista. No entanto, adaptou-se bem – muitíssimo bem – à lógica do mercado, com sua ideologia expansionista. Os méritos devem ser atribuídos à entidade gestora, dona de curvas superlativas, predicados humanistas e vocação sem paralelo. Carnalmente identificada com o que faz, regozija-se de prazer ao sentir o órgão em seu estado de crescimento constante. Finalmente, por ser comprometida com questões relacionadas à preservação, tomou todos os cuidados necessários para que tal crescimento mantenha-se sempre sustentável. Fico feliz por ter a possibilidade de testemunhar este inegável caso de relacionamento bem sucedido.

segunda-feira, agosto 08, 2005

Crise crônica insolúvel. Ou não. (como diria Caetano)

Querer explodir. Ficar na cama por horas, de maneira insípida. Sentir fome e ao mesmo tempo desejar não comer nada. Ser indiferente à própria aparência. Querer fazer e não achar fôlego, tampouco força. Lutar com a realidade. Esforçar-se para acordar. Sentir-se cansada depois de doze horas de sono. Querer escutar Bon Jovi. (Acredita?) Estar com tudo e achar que está sem nada. Ter a sensação de que nada faz sentido. Pensar que você pode ter perdido a graça. Dar risada e chorar em compassos de meio minuto. Desejar gritar quando de sua boca só saem grunhidos. Não entender bulhufas do que se passa com você mesmo. Normal. De repente, tomar sorvete. De chocolate. Com muita farofa de castanha de caju, leite condensado e tubetes. A cura de uma TPM é tão misteriosa quanto a própria existência.

quinta-feira, agosto 04, 2005

A tela

Partia, mas gostaria que a ida se desse com sua tela em branco, sem ele. Logo percebeu a bobagem que pensara, não havia um só lugar que quisesse que ele estivesse, a não ser pintado, ali, onde estava. Desejava não desejar partir, sua doce tristeza, que lhe apunhalava no estômago. Mas amanhã e o quadro já embranquecia. Ele ficava cada vez mais longe. Mas a distância aliava-se à lembrança. E à dor. E doía. Doía-lhe muito deixá-lo.