quinta-feira, janeiro 11, 2007

Inércia

Você acorda, os olhos inchados. O sol lá fora até parece alentador. Você até ensaia um sorriso, mas suas forças se esgotam instantaneamente. A vontade de sair da cama é enorme, mas os músculos estão imóveis, pesados, como se o colchão fosse um grande ímã atraindo seu corpo dócil de forma intensa e constante. Você respira fundo. Move um braço. Deita de lado. Com um esforço tremendo, empurra o colchão. Você finalmente consegue sentar-se. Respira novamente. Seu pulmão parece estar cheio d'água. A vontade de deitar novamente é irresistível, mas você levanta. Caminha a passos lentos até a pia. Lava o rosto. Toma café. Não ousa se encostar em nada. Faz tudo praticamente de pé e às pressas, para enganar o sono. Escova os dentes. A escova parece pesar cem quilos. Coloca roupa. Empaca no corredor e tem uma visão do seu dia: da cama para a cadeira, da cadeira para outra cadeira, da cadeira para o sofá, e do sofá para a cama. Tudo de maneira arrastada. E os dias vão se passando, até que você acorda: preguiça é um círculo grandiosa e pleonasticamente vicioso.