terça-feira, setembro 17, 2013

Bem-me-quer, mal-estar

Nauseada e irrequieta, não conseguia se concentrar em absolutamente nada. Ficava apenas imóvel, ouvindo os ruídos constrangedores que seu estômago fazia. Tremia continuamente, a ponto de não ser capaz de firmar o livro em suas mãos delicadas. Baixando-o na mesa, esticou os braços por cima das páginas amareladas e passou a examinar, debaixo da pele peculiarmente alva, as veias que saltavam visíveis aos olhos. "Sou transparente", pensou. Começou a brincar de bem-me-quer, contando os riscos azuis no antebraço esquerdo. Sua indisposição piorou quando terminou a contagem no malmequer. Incluiu, então, a mão esquerda: final feliz. Ironicamente, ao invés de melhorar o mal-estar, ficou ainda mais ansiosa: seria verdade? Será que bem-me-quer?? Oh, dúvida cruel...