terça-feira, novembro 30, 2004

Do marzipã

Alguém resolveu falar das qualidades do marzipã. Leve, doce, crocante. Um gosto inesquecível. Boa é a lembrança em degustá-lo. Bom é saber que uma certa pessoa gosta dessa guloseima. Melhor ainda é ter a certeza de que o tempo trará o marzipã. Maravilhoso, porém, é pensar que, então, ele será saboreado a quatro meias.

sexta-feira, novembro 26, 2004

Vai saber

Falta de sono, sonolência. Carência, necessidade de estar sozinha. Idealismo, realismo. Não querer, ir atrás. Querer, mas não se importar. Se importar, nada fazer. Nada ter, ciúmes. Estar em sua própria pele, e não se entender. Vai saber!

É foda ser mulher...

terça-feira, novembro 23, 2004

Ao Novo Mundo

A maré parece contrária, mas o vento é meu amigo. Os peixes são meus guias e o paraíso é uma visão constante. Nunca cogitei a possibilidade de volta. Nunca desejei, nem um segundo, qualquer tipo de volta. Isso não seria possível. Minha alma já modificou-se. Passaria a vida olhando ao horizonte e vendo o que transcende aos olhos. Meu medo é nosso, vejo isso agora. Transformemos esse medo em força. Transformemos a força em realizações. A viagem apenas iniciou-se. Há um mundo ainda inexplorado. Minhas pernas são suas e caminho com seus pés. Essa viagem, meu bem, só poderá ser feita a quatro meias. Formemos nossa aliança. Afinal, o príncipio da reciprocidade permeia o conceito de dádiva. E o que temos é uma dádiva: Amor.

domingo, novembro 21, 2004

2 a 2

Alguém diria que não lido bem com notícia ruins, outro diria que talvez lido bem demais. A verdade é que não lido nem bem, nem mal, apenas finjo que a situação não existe. E, como sem mais, caio em um mundo de muda irrealidade. Mas aí vem a escuridão que torna tudo muito claro e negar passa a não ser mais opção, então apenas choro um choro atrasado e sentido.

Estive triste. Pelo meu avô, pela minha amiga, pelo meu amigo, por mim. Mas no dia em que o álcool fez às vezes de dor-de-cotovelo e me inspirou, estive feliz. E dancei, como dancei. Continuo triste pelo meu avô e apreensiva pela minha amiga, mas eu e meu amigo não estamos mais na lista de coisas para não esquecer de se preocupar. Menos mal, 2 a 2.

domingo, novembro 14, 2004

O Sempre dentro do Nunca

Cheguei à conclusão de que meu sentimento amoroso tem efeitos ex tunc. Quando escrevi sobre a chuva, imaginava meu ideal romântico, sem sequer ao menos conhecê-lo. Achava-o em todas as faces, mas nenhuma era realmente sua. A chuva habitou minha mente por muito tempo, e o mistério das nuvens cinzentas cegou meu pueril coração. Permaneceu ali, inerte, descrente. Por fim, conformou-se. Mas eis que as gotas começaram a cair no momento em que os olhares se encantaram do linguajar poético. Tudo agora fazia sentido. O sonho tempestuoso virou realidade. As gotas escorreram em meio aos lábios apaixonados. O coração alcançava a maior liberdade que se pode conquistar. E esta liberdade é paz, que tranqüiliza e faz voar a alma. Infinita.

quarta-feira, novembro 10, 2004

Blegh

Tinha coisa melhor para fazer, mas fui cortar o cabelo.
Queria ter ido no cabelereiro que vou há 11 anos, mas resolvi variar.
Ele deveria ter seguido as minhas intruções, mas não o fez.
E eu poderia ter levado numa boa, afinal, dizem que cabelo cresce, mas não: fiquei de mau humor.

domingo, novembro 07, 2004

Se houvesse o adeus

Você tinha razão. Sou mais prática. E se você briga com a realidade, eu brigo com a minha praticidade. Queria poder lhe falar o quanto sonho em ter minha vida a seu lado. O quanto desejo que tudo fosse diferente e igual. O quanto espero para olhar você nos olhos, e o quanto espero para sentir você me tocar. Queria ter você para mim. Queria conhecer cada cantinho de sua existência e fazer parte dela desde então, indefinidamente. Queria poder acordar ao seu lado. Queria poder vê-lo mau-humorado pela manhã. Queria pedir-lhe que tome banho comigo. Queria poder me sentir em um jardim de infância. Queria poder compartilhar com você todos os meus pensamentos, todos os meus medos, todos os meus desejos. Queria poder lhe dar tudo que eu tenho e o nada que eu sou. Isso é um sonho. A realidade se faz presente. Queria ter poderes suficientes para modificá-la, junto com você. Sua existência será parte da minha alma e luz em meu pensamento. Será uma lembrança eterna de como sempre sonhei viver. E a certeza de que habita em mim a felicidade, infinita. Esse seria o adeus. Mas se o adeus houvesse, não haveria cumplicidade. Então eis que estou ao seu lado para mudarmos a realidade e construirmos nosso sonho. A partir de hoje, o ‘queria’ torna-se ‘vou’. E reler o ‘queria’ com outros olhos torna tudo tão doce quanto um beijo na chuva.

quarta-feira, novembro 03, 2004

Se...

Se a terra rodasse no meu ritmo, rodaria mais rápido. Se o dia tivesse as horas que necessito, seria mais longo. Se as garagens estivessem preparadas para mim, teriam colunas acolchoadas. Se eu fosse o sorveteiro, só venderia sorvete sabor doce-de-leite. Se todas as pessoas fossem minhas amigas, morariam no hospício. Se a rádio fosse minha, só tocaria Strokes e Los Hermanos. Se o cinema me obedecesse, só exibiria O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Se a casa de sucos me tivesse como proprietária, só venderia suco de limão sem casca. Se eu controlasse as estações, viveria no outono e na primavera. Se eu não pudesse evitar, todos me entenderiam, inclusive eu mesma. Se o mundo seguisse a minha lógica, todos os dias seriam noite, e todas as noites seriam vésperas de feriado, e eu as passaria dançando rock'n'roll...