terça-feira, junho 09, 2015

A esperança

Espero pelo dia
em que, juntos, mergulharemos
nesse mar revolto e enigmático
que, dizem, chama-se amor
E, no movimento gentil das ondas,
repetidamente
deixar-nos arrebatar, corpo e alma
livres, leves e soltos
longe de qualquer temor.

quarta-feira, abril 08, 2015

O depois

A chuva chora tua ausência
enquanto meu coração pulsa doloroso
A lua hoje não espera nada
porque tudo aquilo
aquela aurora cósmica e infinita
aquele momento de pura redenção 
sequer jamais existiu
Seus lábios, repletos de beijos,
e seus quadris generosos
são apenas fábulas inebriantes 
que o sol, a cada manhã,
devora com boca abrasadora
e, sem dó, 
abandona o dia pálido
aos sortilégios de um outono
sombrio e cálido
... vigorosamente cálido.

quarta-feira, março 11, 2015

Sobre reciprocidade selvagem

Queria entrar no mundo que era dele e despi-lo -- peça por peça, máscara por máscara -- até que fosse possível tocar a essência que antevia nele. Queria-o nu, no sentido mais amplo que essa palavra pudesse significar. Queria-o por completo: o bom, o ruim, o morno; o iluminado, o sombrio e todos os tons de gris nos entremeios. Não havia absolutamente nada nele que não desejasse conhecer a fundo, em que não desejasse se refestelar. Queria, alfim, a redenção. E quando a obtivesse, deixaria ele a despir como bem entendesse. Render-se-ia. Completa e irremediavelmente.