segunda-feira, janeiro 31, 2005

A Dúvida

A dúvida é tripartida
De um lado a vaidade
De outro a insegurança
E acima o medo
De perdê-lo
De não ser o necessário
De nunca tê-lo tido verdadeiramente
Apenas e tão-somente
A incerteza
Que consome
Que mata
Que afasta
E que acaba

sexta-feira, janeiro 28, 2005

Quem sabe

Às vezes não me reconheço entrelaçada em meus pensamentos
Às vezes minhas palavras divagam sem sentido
Às vezes sou alguém cuja poesia transvasa sentimentos
Às vezes meus versos se perfazem sem motivo

Penso que às vezes posso enganar-me facilmente
Penso que às vezes minha ingenuidade precede minha maneira
Penso que às vezes posso estar apenas carente
Penso que às vezes pode meu sonho durar a vida inteira

Pode ser que agora não faça idéia de quem sou
Pode ser que amanhã o sol revele o que sonhei
Pode ser que ontem é o que sequer passou
Pode ser que um dia o coração me diga que amei

Hoje não penso, amanhã espero, o depois é quando.

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Perdendo a linha no baile

Tenho dificuldade para entender quando me dizem que o cara certo aparece quando não se está esperando. Afinal, quando é que não estamos esperando encontrar aquele que nos entenderá?

Ontem eu bebi. Bebi demais. Bebi porque estava esperando, bebi porque estava triste. E perdi a linha no baile. Pelo menos deu pra dar umas risadas...

terça-feira, janeiro 25, 2005

Ano novo, velhos anos

O ano novo, pretensiosamente futuro, começou cheio de passado. Fui, vi, fiz, cai. E reencontrei, muito. Obscureci. Também senti. Medo. Sensação de urgência. De fuga. Corri. Mas, será que voltei? Ainda não descobri.

Balanço do ano que passou? Por enquanto não. E qual o porquê da estática? Das coisas delimitadas? O que foi ruim ou bom - e, pra quem se importa, maravilhoso, terrível, intenso, inexplicável, infeliz, vivo - é, não foi. Estamos irremediavelmente unidos, juntos, para sempre inseparáveis.

Também não soube o que quis dizer com toda essa baboseira, que infligi aos seus olhos. O que começou como uma idéia feliz, acabou por entristecer. Achei que me encontrei. Errei?

"Se o que eu sou também é o que eu escolhi ser, aceito a condição"
O velho e o moço, Los Hermanos


quinta-feira, janeiro 13, 2005

O espaço vazio entre nós

Vamos, vá embora! Mantenha distância! Anda, dê um basta! Será que ainda não percebeu que gosto de sua ausência? Não notou que aprecio não poder te ter? O espaço vazio entre nós é mais bonito. Talvez porque de perto meu fracasso seja muito aparente. Afinal, o que mais posso pedir de alguém que é carinhoso, baterista, usa all star, deixa a barba por fazer e além disso tudo, ainda me quer? Mas não consigo, você não é pra mim. Pelo menos, não agora. Quem sabe em uma canção do Los Hermanos eu não mude de idéia... De novo...

Não, isso não é uma declaração. Talvez seja um "eu gostaria". Um "eu gostaria de te querer, mas não quero". Acho que está mais pra um "não dá".

domingo, janeiro 09, 2005

Viajar me alimenta a alma

Andava preocupada. Acreditava que Buenos Aires não poderia comigo. Quem não pode com Buenos Aires fui eu. A ceia de Ano Novo - salgadinhos - foi no Albergue da Juventude, o porre na rua e a cura da ressaca se deu na grama de uma praça.

Entrei no novo ano aprendendo algumas coisas. Aprendi que não se deve misturar vinho, champagne barata, cachaça sabor de canela e cerveja, e no caso de se misturar, não tentar dançar tango, porque você vai cair e machucar o joelho; que não se deve passar mal no albergue e obrigar a sua amiga a te dar banho frio.

Entrei no novo ano esquecendo de coisas, andando pelo Cemitério, dormindo na praça com os mendigos, protestando. Entrei com calor, na flor, com dor, com saudade, dormindo com o inimigo. Escutei sabedorias de um fotógrafo/cartomante. Me disse que eu era feliz, estava estampado em minha cara. Foi um bom começo.

Um brinde a Buenos Aires!