terça-feira, fevereiro 12, 2008

Medos doeM

Destilei minha indiferença por você nos arredores da selva de concreto. Os ares passaram, as nuvens vieram, mas a chuva com medo nem caiu. As flores, contudo, ficaram mais vivas e me falaram de seu anseio secreto: seu coração é triste, carente, solitário, e tem medo de ficar vazio. Você me avisou, me disse que não confiasse em você. Mas eu disse que confiava, que achava que podia você merecer. E a verdade que cala é que seu coração é de pedra, tão frágil quanto a pétala. As flores são belas, o inverno é quente, a chuva é doce, o vento é quietação. Você corre em busca da felicidade aonde ela menos lhe espera. Seu semblante é a máscara, seu amor é oculto, e seu medo é prisão. Os medos, amor, às vezes são imperceptíveis, às vezes doem amanhã. Mas ser escravo do medo dura para sempre. Daqui vejo as dores desalmadas, ininterruptas. Mas vejo você, vejo os beijos, vejo os braços e abraços. Vejo os olhares perdidos, vejo as palavras não ditas. Vejo também outras coisas que me são incompreensíveis...