terça-feira, junho 21, 2005

Solidão que nada

Sabia que aquela melação toda era a praxe do início apaixonado. Começou até a curtir os apelidos no diminutivo, as brincadeirinhas sem-graça, a vozinha de criança, as manhas, as chantagens, a linguagem retrógrada do tempo em que tudo o que se falava eram sílabas duplicadas. Momô, bibi, xaxá, fufu, mimi, naná, pipi, totó, e por aí ia. Fazia questão de repetir todo aquele interlóquio enquanto contava e ouvia como o dia tinha ido. Quando ficava finalmente sozinha, suspirava. Sentia um misto de alívio e angústia. Sabia que o costume era responsável por este último. Sabia que, inexoravelmente, algum dia, em qualquer lugar, em uma hora incerta, tudo iria acabar. E começar de novo.

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