terça-feira, setembro 02, 2008

Contradição inquisitória

As perguntas às vezes são muitas, mas se calam no íntimo. Insípidas, querem explorar algo dormente. Aquilo que permanece incógnito no vazio pretérito. Querem saber o porquê de algumas coisas incompreensíveis. Ou talvez de uma específica. Daquele dia. Ou talvez por que ele falou que nunca mais iria procurá-la. Querem saber ainda mais. Se ele gostaria de perguntar também. Se o silêncio dela significa indiferença. Se algumas palavras são ditas dissimuladas em mágoa. As perguntas insistentes são diversas, mas todas elas sem importância aparente. Guardam um quê de curiosidade masoquista. Estão ligadas à incerteza de apostar alto em algo que se acredita. E no medo pavoroso de que isto se desmorone. São interrogações que tornam frágeis os laços de cumplicidade. Almejam serem satisfeitas, porém temem a tormenta que podem provocar. Aguardam inquietas por serem insignificantes. Tentam destruir a beleza do que é. Mas que, comparadas a isto, desfalecem. O brilho da viagem as obscurece. O pensamento se alegra da vertigem e todas as perguntas perguntam-se: afinal, por que ainda estamos vivas?

Um comentário:

Gabriela Neves disse...

aah Parabéns ! Textos ótimos, como sempre :) vô linkar vocês no meu, ok ? bjs s2