terça-feira, maio 31, 2005

Amor desses de cinema

O de sempre. Acordou com um mau-humor desgraçado. Monossilábica. De quebra, aquele sono irritante. Claro, assim que pôs os pés na rua, um casal passeava de mãos dadas pela calçada. Daqueles felizes para sempre. Que coisa idiota! Direto para o ponto de ônibus. Não deu outra. Outros dois se beijando. Tentou não olhar. Entrou na lotação. Pagou a tarifa, entediada. Sentou-se. Estava querendo prestar atenção em nada. Olhar os lugares passando pela janela. Distraída, olhava para um canto. Notou alguns pés. Quatro, em particular. Que droga, não se separam! Levantou o olhar. Adivinha? Mais um par de pombinhos. Daqueles de propaganda de creme dental. Quis soltar um grito, mas, a essa altura, ou gritava ou descia. Desceu. Foi caminhando. Tropeçou um pouco. Resmungou. Xingou. Entrou em um prédio. Enquanto aguardava parada, pensava consigo. Amor, desses de cinema, só mesmo em contos da Carochinha. Entrou no elevador. Mal sabia ela que esse tal amor de cinema existia sim. Bem ali, ou aqui, sabe-se lá. Seu maior inimigo, no entanto, ela mesma. E amor existe para quem quer que diga não estar apaixonado?

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