quinta-feira, maio 12, 2005

Bom Mesmo é Sofrer(? ou .)

Amor que é amor tem que doer. Tem que ser sofrido. Tem que jogar o coração boca à fora. Tem que dar gastrite, ansiedade, esquizofrenia. Se for verdadeiro, no começo é assim. Depois, para se justificar, tem que dar paz, tranquilidade, satisfação, tesão, paixão.
Gosto de citar Bossa Nova quando falo de amor. Podem conferir meu post em 03/12/04 no Notícias do Balneário, "Samba de Primeira Classe" (vão lá ver o jabá: http://noticiasdobalneario.blogspot.com). Novamente, concordo com o Maestro:

Triste é viver na solidão
Na dor cruel de uma paixão
Triste é saber
que ninguém pode viver de ilusão
Que nunca vai ser, nunca vai dar
Num sonhador, tem que acordar
Sua beleza é um avião
Demais pra um pobre coração
Que pára pra te ver passar
Só pra me maltratar
Triste é viver na solidão
Triste é viver na solidão
Na dor cruel de uma paixão
Triste é saber
que ninguém pode viver de ilusão
Que nunca vai ser, nunca vai dar
Num sonhador, tem que acordar
Sua beleza é um avião
Demais pra um pobre coração
Que pára pra te ver passar
Só pra me maltratar
Triste é viver na solidão
Triste é viver na solidão
Na dor cruel de uma paixão
Triste é viver na solidão
Na dor cruel de uma paixão
Triste é saber
que ninguém pode viver de ilusão
Que nunca vai ser, nunca vai dar
Num sonhador, tem que acordar
Sua beleza é um avião
Demais pra um pobre coração
Que pára pra te ver passar
Só pra me maltratar
Triste é viver na solidão.

Estou numa fase de minha vida em que encaro o amor de forma diferente. Gosto do companheirismo. Daquele esfregar de meias ao amanhecer numa manhã de inverno. Do café mal passado e compartilhado, às pressas, de manhã cedinho. Daquele porre homérico a dois, dançando no aperto do Korova. Daquele "cinema transcedental", no Cinemark (abaixo os braços de cadeiras em cinema!), seguido de uma cerveja com discussão sobre o tema no Dom Max. Em seguida, esticamos no James e tomamos café da manhã no Fran´s, ou qualquer padaria não respeitável que se apresente. Nós, homens, somos acostumados a fazer estas esticadas de 3, 4 programas em uma noite só. É massa. Quando rola um "Retroceder Nunca, Render-se Jamais", é o bicho. Fazer tudo isso ao lado da cara metade é melhor ainda.

Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
Que é pra te dar coragem pra seguir viagem
Quando a noite vem

E também pra me perpetuar em tua escrava
Que você pega, esfrega, nega, mas não lava
Quero brincar no teu corpo feito bailarina
Que logo te alucina, salta e te ilumina
Quando a noite vem

E nos músculos exaustos do teu braço
Repousar frouxa, murcha, farta, morta de cansaço
Quero pesar feito cruz nas tuas costas
Que te retalha em postas mas no fundo gostas
Quando a noite vem

Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, a ferro e fogo
Em carne viva
Corações de mães, arpões
Sereias e serpentes
Que te rabiscam o corpo todo
Mas não sente...

Quem escreve acima é o Chico. Talvez Chico seja o único homem que entedeu o verdadeiro sentido do amor do ponto de vista feminino. É ele, e apenas ele, quem canta desventuras amorosas de uma maneira tão feminina, que dá vontade de passar conversa até na Maria Bethânia, quando ela o canta.
Nos últimos 10 a 15 anos, foi o ápice da "mulher problema". Odes ao TPM e à independência feminina! Passou a ser charmoso a desconfiança, o egocentrismo, o consumismo. Esteticamente, enebriaram-se em penduricalhos e roupas que as deformam. Acho que passou-se uns 10 anos admirando uma beleza durante à noite para acordar ao lado de outra pela manhã. Só que esta, ao contrário do saber comum, era mais bela do que a noturna. No comportamento, virou "cool" mimetizar o "cool".
Depois de muito tempo, ninguém mais aguenta este tipo de mulher. Surgiu a nova mulher. Companheira, amiga, naturalmente linda.
Por um tempo, confundimos sofrimento de amor com mau humor e outros sentimentos pedantes. O fato de não ter retornada uma ligação, não significava aquela dúvida, aquele anseio generoso. Significava insegurança, má educação, desleixo.
Amor que é amor, machuca, mas cuida da alma. Viva à alvorada da Nova Mulher. Seleção Natural. Adapte-se, ou suma.

Alvorada
Lá no morro, que beleza
Ninguém chora, não há tristeza
Ninguém sente dissabor
O sol colorindo
É tão lindo, é tão lindo
E a natureza sorrindo
Tingindo, tingindo

Você também me lembra a alvorada
Quando chega iluminando
Meus caminhos tão sem vida
Mas o que me resta
É bem pouco, quase nada
Do que ir assim vagando
Numa estrada perdida.

(Carlos Cachaça/Cartola).

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