quarta-feira, março 30, 2005

Sobre formigas e ácaros

O negócio começou cedo. De um lado a formiga, cansada e mau-humorada. De outro, o ácaro, feliz da vida a cantarolar. Ela vinha de semanas de tensão, muita dor-de-cotovelo, muitas palavras não-ditas (e malditas), muito rock’n’roll, muita bebida, muito descompromisso, enfim, perdida na vida. Mal sabia de sua condição de himenóptera. Uma total amnésia existencial. Foi quando deu de cara com o ácaro. Ele a chamou de formiga, emendando um glorioso 'bom dia'. Aquilo lhe parecia ultrajante. Como se atrevia o ácaro?? Ela logo o chamou de agente patológico, de aracnídeo mal-resolvido. Ele riu-se inteiro. Gostou dela. Ela, mesmo o achando insuportável, acabou por se render, depois de muitos esforços acarofílicos para combater aquela acarofobia toda, aos seus galanteios. Mas deixava bem claro: 'ele é apenas meu fuck buddy, ouviu?!'. O tempo passou. A formiga, encantada com a acarodomácia que produzia a acarofilia entre eles, em seu leito verdejante, passou a corar quando lhe perguntavam sobre o ácaro. Pois bem, meus caros, não há outra verdade, embora a formiga não queira admitir. Ela está mesmo apaixonada!!!

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