quarta-feira, outubro 13, 2004

Por um amor mais alcoólatra e inconseqüente

Tem que ser atraente. Tem que ser inteligente. E alto. Tem que gostar de ler, dos filmes do Tarantino e de cinema europeu, de beber, de rock'n'roll. Tem que usar all star e o sexo deve ser fantástico. Tem que se interessar pela questão palestina. Tem que morar em Curitiba. Tem que me acompanhar em palestras sobre Sociedade e o Medo sem se entediar. Deve gostar de viajar. E ser músico. Tem que me entender, mesmo quando eu não consigo.

Não pode ter ciúmes, nem ficar em cima do muro. Tem que gostar dos meus amigos e segurar a minha mão. Tenho que querê-lo e ele tem que me querer em retorno. Que não me faça esperar, que não me faça chorar. Que deixe a barba por fazer e fique longe de gel para cabelo. Que me aceite pelo o que eu sou e qu... (mão na consciência)

Hum... Eu exijo que me aceite como eu sou, mas parece que não quero fazer o mesmo... Fico me escondendo atrás de todos estes requisitos na esperança que passe desapercebido o meu medo de acabar sozinha. Afinal, não há ninguém que seja capaz de ser o que eu quero.

Portanto, não exigirei mais tanto do outro, esquecerei (quase) todos estes critérios. Esse padrão só gera angústia e minhas pílulas de soma* acabaram.. Aposto que assim serei mais feliz! Ao menos, é o que se espera...

* Soma: do Livro Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley. "Podem proporcionar a si mesmos uma fuga da realidade sempre que o desejarem, e retornar a ela sem a menor dor de cabeça e nem sombras de mitologia".

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